quarta-feira, outubro 10, 2012

GESTÃO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

Formação do Gestor Escolar: pressupostos teóricos/metodológicos

Este texto trata dos pressupostos teóricos e metodológicos acerca da Formação do Gestor Escolar. Destina-se ao aprofundamento das questões relativas à Formação do Gestor Escolar e Gestão e Uso de Tecnologias na Educação. O conteúdo didático desta produção é destinado a quem pretende aperfeiçoar-se na formação do gestor escolar para que este atua na gestão das tecnologias na educação com desenvoltura.
Pensar a formação do gestor escolar para o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos remete a pensar como ocorre a formação inicial do professor na academia.

Entendemos que ele é antes professor, depois administrador, e é nesta direção que caminharemos ora, nos referindo a formação primeira, ora à permanente.
O termo formação, entendido como ensino, surge provavelmente da necessidade, que as pessoas sentem de atualizar os próprios conhecimentos constantemente, em razão das transformações sociais observadas, as quais a escolarização formal já não consegue dar respostas somente com a estrutura institucional básica.

A formação do gestor é também permeada pela abordagem teórica, pois é uma ação que não se faz de forma solitária, mas, com a intencionalidade de ver transformada a realidade.
A teoria contribui para refletir os saberes, as práticas, conhecer as diferentes abordagens, buscar implementar e experimentar o novo.

Autores como Behrens (1996), Brito e Purificação (2006), Nóvoa (1991), Almeida (2002, 2005) entre outros, defendem que a formação do professor não deve ser concebida como algo acabado tendo em vista que há um conjunto de atividades que ocorre geralmente após a formação inicial e têm como objetivo o desenvolvimento do conhecimento, de competências.

Na formação inicial, os educadores adquirem competências para desempenhar a atividade profissional, e a dinâmica da formação destes, articular-se na dialética entre formação básica ou inicial e formação continuada ou permanente.

A noção de formação continuada está relacionada à idéia de como se concebe a que lhe está subjacente, pois, vários são os fatores que diferenciam uma formação de outra, e podem estar relacionadas à insuficiência da formação inicial, à disponibilidade de verbas, aos planejamentos ou ao quadro de formadores, tendo em vista a heterogeneidade na formação inicial.

A formação disponibilizada pela IES não contempla e ou abarcam o uso dos recursos tecnológicos o que não possibilita a criação de uma nova cultura que já se encontra instalada nos espaços dos consumidores.

1.1. Entendendo o percurso histórico da formação
No plano nacional, as atividades de formação continuada para os profissionais das redes estadual e municipal de ensino é coordenada pelo Programa Nacional de Informática na Educação - (PROINFO) numa iniciativa do MEC/SEED - Portaria de nº 522 de 09/04/97, e suas diretrizes estabelecidas pelo MEC/CONSED.

Esta formação, na maioria das vezes, ocorre por meio de cursos de pós-graduação (lacto-sensu, strictu-sensu), cursos de sensibilização, de extensão e ou aperfeiçoamento. Desenvolvem-se na própria instituição de ensino, universidades, centros ou núcleos de formação e apresentam carga horária diferenciada presencial ou a distância e podem ocorrer em duas fases distintas.

Na primeira, as universidades federais, estaduais ou particulares viabilizam cursos de especialização lacto-sensu a professores graduados da rede estadual e municipal que passam a atuar nos respectivos Estados como professores-multiplicadores nos núcleos.

Numa segunda fase, os professores das escolas estaduais e municipais recebem a formação continuada dos professores-multiplicadores em seus próprios Núcleos de Tecnologia Educacional denominados (NTE's) onde a carga horária é diferenciada de acordo com cada estado da unidade federativa.

No Estado do Paraná, a formação envolve os profissionais da rede pública é ofertada pela Secretaria de Estado da Educação - (SEED) desde o ano de 1998. Na atualidade, a demanda de recursos e as diretrizes norteadoras são efetivadas pela Diretoria de Tecnologia Educacional – (DITEC) por meio das 32 Coordenações Regionais de Tecnologias na Educação – (CRTE´s).

Além de "propiciar a capacitação de recursos humanos da rede estadual na utilização da informática educativa" (Resolução 3.527/98) especificamente à professores de 1º e 2º graus e técnicos das escolas a DITEC tem entre seus objetivos, prestar assessoria pedagógica à quem atua na educação, e que se propõem a utilizar nos espaços educativos os recursos tecnológicos disponíveis com vistas à ampliar a aprendizagem dos gestores em formação.
...Evidencia-se a importância de se desenvolver programas de formação voltados para as especificidades do trabalho dos gestores, alicerçados na articulação entre as dimensões administrativas e pedagógicas, na integração entre tecnologias e metodologias de formação, tendo as tecnologias como artefatos que favorecem os encontros entre pessoas, valores, concepções, práticas e emoções (ALMEIDA, 2005).

Não obstante, o Estado proporcione formação continuada para os profissionais da educação, observa-se que dado às especificidades do trabalho do gestor escolar este não têm sido contemplado com formação específica no sentido de obter subsídios para perceber as diversas redes que compõem o conhecimento para a gestão, acesso e uso das tecnologias disponíveis em seu espaço de atuação.

1.2. Modalidades de formação

Diversos são os fatores que interferem e influenciam na efetivação da formação continuada destes profissionais destacam-se: disponibilidade de tempo, de acesso e deslocamento para o local de formação além da motivação necessária para empreender novos estudos.
É emergente postular um modelo de formação que dê conta de qualificá-los para atuar no seu contexto alicerçado pelo
... conhecimento das implicações sociais e éticas das tecnologias; capacidade de uso do computador e do software utilitário; capacidade de uso das tecnologias da informação e da comunicação em situações de ensino-aprendizagem. Brito e Purificação (2006, p. 8).

Os tipos de modalidades de formação (autoformação, cursos específicos de extensão, Educação a Distância, formação em serviço, formação na graduação, grupos de estudos, seminários, etc,) necessária para implementar a gestão dos recursos tecnológicos no cotidiano da escola influem no desenvolvimento do trabalho educativo.
Autoformação: esta modalidade é permeada pelo uso de tutoriais, manuais, apostilas para o manejo dos recursos tecnológicos na qual se pode contar com a orientação de pessoa especializada.

Formação em serviço: é desenvolvida no âmbito da escola podendo ter a assessoria de um profissional especialista. O conteúdo programático é permeado pelo atendimento às necessidades da mantenedora ou daquele que está em formação.

Educação à Distância: nesta modalidade a formação é desenvolvida de modo a atender as necessidades da mantenedora e ou dos profissionais, normalmente utiliza recursos midiáticos apropriados.

A Educação a Distância – (EaD) surge como mais uma modalidade de ensino e em se tratando de um processo de ensino e aprendizagem.

Pode ser mediado por diferentes recursos dentre eles os multimeios, computador, televisão, telefone, telex, rádio, modem, videocassete, DVD, máquina fotográfica, webcam, os impressos, os simuladores on-line, o som e a imagem transmitidos via satélite ou por cabos de fibra ótica, email´s disponíveis para os participantes dos cursos, Chat, videoconferências.

Sua aplicação possibilita maior interação entre o cursista, o docente, o monitor e o centro de produção.

O modelo de formação para o desenvolvimento de atividades com o apoio dos recursos tecnológicos deve ser permeado pela associação entre a teoria e a prática, em que, os envolvidos atendem aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento daquele que está em formação, que precisa continuar aprendendo e compreendendo os fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos e educacionais.
É um processo que não se desenvolve à margem das escolas, ao contrário, se apóia a implementação desses.

1.3. Pressupostos articuladores da formação

Nos diversos cursos, se percebe um perfil generalista, em que os conteúdos estão organizados em diferentes linhas que, somadas, apresentam uma visão ampla do que se denominaria Novas Tecnologias na Educação.

As abordagens das diversas disciplinas que constituem os cursos não conseguem ser especialista, já que propõem atender um número de diferentes correntes dentro desta área de estudo.

Há que se convir, ainda que os cursos de formação continuada para o uso de tecnologias na educação estejam sendo efetivados, sejam extremamente importantes e necessários ao desenvolvimento de novas metodologias
... implica conhecer as potencialidades desses recursos em relação ao ensino das diferentes disciplinas do currículo, bem como promover a aprendizagem de competências, procedimentos e atitudes... (Brito e Purificação, 2006, p. 47)
Todavia, nem sempre são suficientes em termos de propiciar mudanças reais no contexto da prática docente.

A oferta de cursos de formação deve possibilitar ao gestor escolar se inserir no contexto das novas abordagens educacionais, propiciar ao outro experimentar o diferente em si próprio, gerar mudanças significativas no meio educacional.

A abordagem metodológica deve contemplar e permitir lançar mão do trabalho articulado entre a aplicação pedagógica dos conteúdos curriculares presente nas diferentes áreas do conhecimento e pelo manuseio dos diversos recursos tecnológicos disponíveis, entre o fazer pedagógico e o administrativo.

Uma formação que considere o desenvolvimento de ações no lócus onde o profissional atua para que haja avanços no processo educativo.

Uma educação formativa includente, valorativa, concebida no chão da escola, legitimada e apoiada pelos segmentos sociais, em muito pode contribuir para ampliar os espaços de efetiva participação.

Quando se trata da qualidade do ensino
o que acaba prevalecendo é aquele que reforça uma concepção tradicional e conversadora da educação, cuja qualidade é considerada passível de ser medida pela quantidade de informações exibida pelos sujeitos presumivelmente educados. (Paro, 2007, p.20)
Isto posta, busca-se alternativas para que a inserção de políticas e programas de formação não sejam suplantadas por exigências externas em detrimento ao desenvolvimento de uma educação de qualidade.

Referências

ALMEIDA, M. E. B de. Gestão de tecnologias na escola: possibilidades de uma prática democrática. In: Salto para o Futuro. Série Integração de tecnologias, linguagens e representações. Rio de Janeiro: TV Escola, SEED-MEC, 2005. Disponível em: Acesso:22.mai.08.

_______ (Org.); ALONSO, Myrtes (Org.). Tecnologias na Formação e na Gestão Escolar. São Paulo: Avercamp, 2007. v. 1. _______ (Org.); ALONSO, Myrtes (Org.); VIEIRA, A. T. (Org.). Gestão Educacional e Tecnologia. 1.ed. São Paulo: Avercamp, 2005.

_______ (Org.); MORAN, José M. Integração das Tecnologias na Educação. Secretaria de Educação a Distância. Brasília: Ministério da Educação, Seed, 2005. 204p.; il.

AMARAL, Marco Antonio. Formação continuada de professores: um estudo sobre o desenvolvimento de ações no computador efetivado no núcleo de tecnologia educacional de Cornélio Procópio. 2003. 184 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Cornélio Procópio, Cornélio Procópio, 2003.

BEHRENS, Marilda Aparecida. Formação Continuada dos Professores e a Prática Pedagógica. Curitiba: Champagnat, 1996. 251p.

BONATTO, Aladir Vitória; OLIVEIRA, Lúcia; PAN, Roselene. Uso do orkut como ferramenta pedagógica. Curso de Especialização em Tecnologia da Comunicação e Informação na Promoção da Aprendizagem, pela UFRGS. Blog criado através da disciplina PROA 17. Disponível em: < http://educaorkut.blogspot.com/> Acessado em: 11. dez. 08.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Lei nº 9394. Brasília: MEC, 1996. Disponível em:
< http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/txt/lei9394_ldbn1.txt>. Acesso em 20 jul. 2008.

BRITO, Glaucia da Silva, PURIFICAÇÃO, Ivonélia da. Educação e novas tecnologias: um re-pensar. Curitiba: IBPEX, 2006.120 p.

LÜCK, Heloisa, 2000 p.7. Em Aberto.Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. v. 1.n.1. (nov. 1981-). Brasília: O Instituto. 1981.

MEC/Rádio Escola. Disponível em: Acessado em: 11.dez. 08.

MINIOLI, Célia Scucato. O papel do pedagogo. Programa de Desenvolvimento Educacional – (PDE/PR).pdf. 2007

MORAN, José M. Gestão inovadora da escola com tecnologias in: VIEIRA, Alexandre Thomaz (org.). Gestão educacional e tecnologia. São Paulo, Avercamp, 2003. p. 151-164.

_______.Como utilizar as tecnologias na escola. 11.dez.2008.

NÓVOA, Antonio. Formação contínua professores: realidades e perspectivas. Aveiro/Portugal: Universidade de Aveiro, 1991.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Coordenação do Programa de Desenvolvimento Educacional. Uma nova política de formação continuada e valorização dos professores da educação básica da rede pública estadual. Documento síntese – versão para discussão. Disponível em: Acesso em: 06 de mar. 2008.

PARO, Vitor Henrique. Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. 1. ed. São Paulo: Ática, 2007. v. 1. 120 p.

_______. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 2008.

_______ Gestão escolar, democracia e qualidade do ensino. São Paulo: Ática, 2007. 120p.

_______. Democratização da Gestão Escolar. II Simpósio Internacional/V Fórum Nacional de Educação. pdf. 2008. Disponível em: http://forum.ulbratorres.com.br/2008/conferencias_texto/PARO.pdf Acessado em: 11 dez. 08.

PEREIRA, M. I.; SANTOS, S.A. Modelo de Gestão: uma análise conceitual. São Paulo: Pioneira, 2001.

SANTOS, Gládis Leal dos. Blogs como ferramentas pedagógicas. Disponível em: Acessado em: 11.dez. 08

VIEIRA, Alexandre Thomaz (org.). Gestão educacional e tecnologia. São Paulo, Avercamp, 2003. 164

1 Este texto é parte integrante do Caderno Temático elaborado para o Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE – SEED-PR/UFPR - 2008

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Implementar a gestão das tecnologias na educação é preciso

A implementação das tecnologias às escolas aliada às transformações sociais
reacende a necessidade de que o gestor escolar esteja qualificado para administrar com
eficiência a utilização integrada dos recursos tecnológicos no espaço escolar.
Pensar a formação do gestor que dê conta de prepará-lo para enfrentar as
transformações sociais, a inclusão dos recursos tecnológicos nas escolas, aliada às
expectativas dos estudantes do século XXI, considerando: o tempo disponível dos gestores,
a localização dos estabelecimentos, a motivação dos professores para a construção de um
planejamento adequado a cada realidade contemple a utilização integrada dos recursos, etc.
Por outro lado, sabe-se que as IES não proporcionam tal formação.
Vislumbramos na formação continuada uma nova possibilidade de incluir,
integrar, vivenciar na práxis sobretudo levar o gestor a compreender como gerenciar o uso
das tecnologias na educação.
Implementar uma formação em serviço descentralizada pode contribuir neste
processo.
Possibilitar com que estejam preparados para este novo tempo pode desencadear o
desenvolvimento de novas propostas de gerenciamento e uso das tecnologias no espaço
escolar, o que pode resultar numa aprendizagem mais significativa para aqueles que estão
em formação.
Tratar da formação continuada do gestor escolar significa perceber que na
atualidade dispomos de diferentes modalidades de qualificação e esta pode tornar-se o
objeto de estudo pois, no campo educacional é permeado pela ação humana.
Diante deste quadro, acreditamos que necessário se faz alavancar esforços para
inserir os gestores neste novo paradigma que se vislumbra na educação antes que os
recursos sejam sub-utilizados e ou se tornem obsoletos.

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